Em 2022, as ações das forças de segurança do estado do Rio de Janeiro resultaram na morte de 1.327 pessoas, representando 29,7% de todas as mortes violentas registradas, que totalizaram 4.473 casos. Esses dados foram divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do governo estadual.
Em algumas áreas específicas, como na região da Grande Niterói, a polícia foi responsável por 47,4% das mortes, e na Baixada Fluminense, esse número foi de 33,7%.
Um episódio emblemático do ano passado ocorreu no Complexo de Favelas da Penha, em maio, quando 23 pessoas foram mortas por policiais durante uma ação para prender chefes do Comando Vermelho escondidos na Vila Cruzeiro.
O professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro do grupo de trabalho sobre Redução da Letalidade Policial do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Daniel Hirata, considera a quantidade de pessoas mortas em operações policiais como um dos mais graves problemas da política de segurança pública do estado. Ele menciona, por exemplo, a ação da Polícia Civil e do Bope em 23 de março daquele ano, que resultou na morte de 13 pessoas no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana. Segundo a polícia, a operação visava capturar uma das principais lideranças do tráfico de drogas do estado do Pará, norte do país, que estava escondido na comunidade.
Hirata enfatiza que operações policiais que terminam com um grande número de mortes não podem ser consideradas bem-sucedidas, mas sim desastrosas. Ele defende uma investigação adequada sobre essas mortes para permitir ao Ministério Público realizar uma apuração precisa dos acontecimentos.
